Recentemente, um assunto de enorme gravidade, pelo menos para mim, no mundo político, que com certeza tem reflexos no dia a dia das pessoas, que evidencia a captura do poder político pelo poder religioso: foi a reunião que o prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, realizou com pastores de sua igreja na sede da prefeitura, orientando-os a falar “com a Márcia”, “com o Marquinhos” ou com “o doutor Milton” para agilizarem o atendimento a demandas de seu interesse. Dizem ser mais um capítulo do enfrentamento entre o Grupo Globo e a Igreja Universal e é bem ilustrativo dos limites do poder de uma grande corporação de mídia diante de uma força politicamente equivalente e das ramificações dessa disputa no ambiente parlamentar. Mas alguém acha justo que para se ter a garantia de um exame na rede pública municipal da cidade do Rio de Janeiro, ter que “falar com a Márcia”?
As gravações evidênciam o privilégio a um grupo de pessoas e, consequentemente, o desrespeito ao princípio constitucional da impessoalidade e do interesse público, além da violação ao princípio do Estado laico. Crivella reagiria acusando a mídia – isto é, a Globo – de ser tendenciosa e de manifestar intolerância religiosa. Mas quem está errado, Crivella ou a mídia, no caso a GLOBO?
Independente que qualquer avaliação que se tenha, é importante potêncializar a imprensa, e não a política ou a religião, ou os políticos ou os religiosos, até por que as pessoas tem mídias à vontade com essa ou aquela tendência política ou religiosa, então, é só ir até a banca de lornal, ligar um rádio ou a TV, o computador, ou até, quem sabe, o telefone celular e se informar, da maneira que quiser, mas sabendo diferenciar tendência de verdade.
Não só Crivella errou. Todos erram. Cabe ao leitor, ter coerência em receber uma informação e saber que mesmo sendo o receptor da notícia, saber que um padre pode cometer pedofilia, por exemplo. É claro que muitos vão ficar surpresos com a notícia, mas é a vida. O que não pode é privilegiar alguns em detrimento de outros, seja em função de fazer parte de um partido político ou até de frequentar um templo religioso, seja ele qual for.
É preciso saber interpretar um texto, saber entender o que quem escreve, fala ou até mostra quer dizer, mas a grande maioria da população tem preguiça de interpretar a notícia. É bem verdade que nem tudo que a GLOBO mostra seja verdade, mas também pode ser verdade que aquela mídia pequenina, de sua cidade mostra seja à verdade. Já pararam para pensar nisso…?!
Em nosso mundo contemporâneo informação é importante, mas é preciso saber interpretar.
EM TEMPO: Com um celular em mãos todos somos repórteres.